Calamaro Gigante (tradução)

Original


Selton

Compositor: Selton / Riccardo Damian / Francesco Imperato / Daniel Plentz / Eduardo Stein Dechtiar / Ramiro Levy

Faz cinquenta anos que vivo sob as águas deste mar
A solidão, a fome
Eu vi até a cor da água mudar
Os olhos de alguns e de outros com o tempo se tornaram cinzentos
Outros, no entanto, nunca mais os vi
Mas hoje é diferente, 26 de fevereiro de um ano de mudanças
Vejo esta embarcação improvisada e colorida
Que, cambaleando, chega até mim
Balança, gira e se revira
E com uma onda finalmente se vira
Faz todos caírem na água
Crianças, jovens, mães, professores, velhos
Em punhados, como pedaços de pão
As pernas se movem mesmo que nenhum deles saiba realmente nadar
E os pés, nus e agitados, me lembram que vocês também são animais
E eu estou com fome

Faz cinquenta anos que espero para comer
Estou dentro do abismo do mundo
Estou cansado das algas sujas e dos restos
Que nem nos piores mares se vai pescar
E assim me aproximo um pouco, mas não me deixo ver
Vocês já estão bem desesperados assim, enquanto veem o sonho desaparecer
Mas por que vocês tinham que acabar aqui?

Talvez fosse mais justo comer um
Daqueles que roubou seu futuro há anos atrás, ou cem anos atrás
Olha só, são os mesmos que destruíram este mar
Mas não importa, estou com fome
Minha natureza é essa e preciso me alimentar
Assim como a sua natureza é aquela que
Os levou a atravessar o Mediterrâneo para sobreviver

Vejo as pernas longas e desesperadas de uma garota grávida que já é mãe
Ela tem um bebê no colo que chora e grita
Eu me aproximo
Sinto o cheiro de carne fresca e chego cada vez mais perto delas duas
Agora desaceleradas e cansadas de lutar contra o mar
O bebê se vira em direção à água como se fosse um espelho
Nossos olhares se cruzam por um segundo
Ele grita, mas seu choro se confunde com todos os outros
E na confusão ele deixa cair sua ração
O resto da comida que era a única coisa que trazia consigo
Seu almoço cai na água lentamente, por engano
Eu o como
Sinto o gosto do que eles teriam comido ao chegar e isso estraga um pouco meu apetite
Mas por que vocês?, penso novamente

Debaixo d'água não se pode respirar, mas suspiro aliviado
Mesmo que ainda esteja com fome, hoje está bom assim
Traio minha natureza, mas agora todos traíram a sua própria
Deixo vocês irem
Um pouco por pena, um pouco por torcida
Um pouco para lembrá-los de que seus verdadeiros predadores são vocês mesmos
Cheguem à outra margem, façam-se fortes, construam sua nova vida
Não será fácil e ninguém poderá entendê-los
Os de amanhã nunca saberão o que aconteceu aqui esta noite
Os de amanhã nunca saberão o que aconteceu aqui esta noite

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